Peça-nos quase tudo.
Peça-me quase tudo,
Menos para que eu não sinta,
e menos ainda,
para que eu sinta calada.
Não sei viver
Sem dar cor, som, forma
Espaço no mundo
Para o que sinto.
Sou poeta,
É o que fazemos,
Sentimos.
E para sentir mais fundo,
Deixamos nas linhas
Espalhados
Nosso amor explícito,
Nosso ódio desnudado.
Vezes com versos nossos,
Outras tantas,
com emprestados.
Porque sonhar e não dizer,
Sofrer sem explodir,
Querer e não arder,
Amar e não doer,
É uma paz
Que não conhecemos.
Nós deixamos sair ao vento,
Barulhentos e ousados
Nossos sonhos, anseios,
E segredos velados,
Sob nossas analogias,
Ou explicitamente detalhados.
Mesmo que a ninguém importe,
Ainda que ninguém leia.
Pois não é para dizer
que escrevemos.
É para perceber, para viver,
e nos entregar até morrer.
É para expurgar o que nos mata.
Peça quase tudo aos poetas,
Menos para não sentirmos.
Menos ainda para sentirmos calados.
Ellis Ribeiro.
Ellis Ribeiro
Enviado por Ellis Ribeiro em 16/02/2025
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